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Dia mundial do Turismo

10 de diciembre de 2019

O turismo é uma das atividades de maior crescimento constante a nível global. Com uma oferta ilimitada, o setor foi se reinventando pela globalização e muitos países veem aumentar seus ingressos graças a uma simples recomendação, ou um “curtir” numa fotografia, a imagem de um destino ou a imagem de uma experiência vivida em algum lugar que recorda, interesse a quem está olhando.

Realizaram-se um sem-número de celebrações em todo o planeta dirigidas pela OMT, cujo propósito é o de conscientizar a comunidade internacional sobre o valor social, cultural, político e econômico do turismo, além disso sobre como o sector pode contribuir para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O turismo contribui a gerar empregos de recursos genuínos e favorece o desenvolvimento econômico dos destinos locais. Segundo a (OMT), em 2018, o turismo movimentou 1.400 milhões de pessoas a nível global, o que representa aproximadamente 10 % do PBI mundial, 7% das exportações globais e 1 de cada 10 postos de emprego.

Na Argentina, a quantidade de turistas internacionais aumentou em 21% entre 2015 e 2018, passando de 5.736.000 a 6.940.000 de desembarques internacionais. Isso se deve não só à inserção da Argentina no mundo e ao tipo de câmbio competitivo, mas também à abertura de novas rotas aéreas internacionais que nos unem mais e com maiores cidades do mundo.

No ano 2019, o foco esteve nas habilidades, na educação e no emprego. A celebração do Dia mundial do Turismo se articulará ao redor do lema “Turismo e emprego: um futuro melhor para todos”.

Embora o turismo gere 10% dos postos de trabalho no mundo e está incluído no Objetivo do Desenvolvimento Sustentável por seu potencial para criar trabalho decente, o turismo e o emprego nem sempre vão de mãos dadas. Para isso, precisam-se de novas políticas para aproveitar ao máximo o potencial do turismo e com isso criar mais e melhores postos de trabalho, especialmente para as mulheres e os jovens. É preciso também de novas medidas para ressaltar e incorporar os avanços tecnológicos em curso. As políticas e as ações devem se orientar para resolver a incompatibilidade atual, entre as habilidades turísticas que se transmitem e as que precisam os empregadores.

Um dos principais fatores que repercute no emprego e desenvolvimento do talento no turismo, é uma incompatibilidade entre as qualificações disponíveis e a realidade do trabalho. A lacuna que existe entre a educação, por um lado e as habilidades e o conhecimento necessários por outro. Assim como a conseguinte escassez de trabalhadores com destrezas para o futuro continua afetando as economias e prejudicando as perspectivas de criação de emprego.

No setor turístico existe uma longa tradição de trabalhar de forma isolada de outros setores-chave da economia. O caminho que tem que empreender passa por um enfoque mais holístico do futuro do emprego no turismo, com vínculos claros com outros setores que são importantes para o desenvolvimento econômico.

As principais mudanças em curso e os desafios relacionados com o emprego, no turismo, exigem uma nova abordagem em quanto ao desenvolvimento de habilidades e a formação, além das políticas de inovação e de criação de emprego.

John Fletcher já no ano 1989 achava que “O turismo é a atividade mais importante do setor de serviços do mundo todo, e para muitos países é crescente a importância a nível econômico, já que representa uma fonte de ingressos de moeda estrangeira, de renda e de trabalho”.

Por se tratar de uma parte do setor de serviços que depende em grande medida dos recursos humanos, o crescimento desta indústria está subordinado às disponibilidades de pessoal em quantidades suficientes e às qualificações necessárias em todos os níveis, tanto diretivos quanto operativos ou organizativos.

O treinamento profissional constitui, por conseguinte, um elemento fundamental para o desenvolvimento desta indústria e um lugar importante nas condições de trabalho dentro da mesma. A educação é sem lugar a dúvidas um elemento fundamental para atingir este objetivo. Dessa maneira, as deficiências ou êxitos do sistema educativo situam o indivíduo dependendo do seu nível: com 4 passa a prova, por isso, seu desempenho laboral é equivalente a 4 pontos.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nas últimas décadas, todos os ramos laborais têm mudado, mas nos setores dinâmicos como o turismo, deu lugar a uma forte segmentação do mercado, as tecnologias utilizadas precisam cada vez mais de um pessoal especializado; portanto, os trabalhadores deverão adaptar-se e obter mais e melhor formação.

A América Latina é possuidora de uma riqueza patrimonial onde se destacam recursos naturais e culturais que lhe preveem um crescimento contínuo a nível turísticos nos próximos anos; não obstante, existem diversos fatores que diminuem a velocidade do seu desenvolvimento, entre os quais, cabe destacar, as deficiências do capital humano e a qualidade no serviço, que demonstram grande parte desses países.

Se falamos da oferta e demanda de recursos humanos no sector de turismo, se determinou a existência de uma brecha entre as necessidades do sector hoteleiro, gastronômico e de serviços, e as competências dos estudantes formados em instituições de turismo e hotelaria.

Isso se dá pela limitada qualidade refletida no nível de conhecimentos, competências e profissionalismo dos jovens formados nas áreas do turismo e hotelaria.

Na Riviera Maya, os empresários do sector turístico têm manifestado de maneira reiterada sua preocupação, pela inexistência de pessoal qualificado para os postos operativos; no México, formar-se como camareiro, cozinheiro ou hostess ainda não é bem visto pela sociedade, por isso o problema de capacitar pessoas em mandos médios se agudiza ainda mais.

Na Argentina, nos anos 2006 e 2007 não se atingiu 40,4% dos postos de caráter técnico e operativo do sector hoteleiro e de restauração e no ano 2014 um estudo colocou a Argentina no posto 50 em competitividade, de 146 países pesquisados

Na Colômbia, o sector hoteleiro vem demandando do sector educativo um maior compromisso na formação dos futuros colaboradores, com foco nas competências laborais, em especial dos perfis ocupacionais correspondentes aos técnicos e tecnólogos.

Esta problemática é o resultado do crescimento acelerado da oferta, pelo qual se gerou uma demanda de recursos humanos de carácter operativo e de mandos intermédios, que não pode ser coberta pela população residente. O incentivo à inversão turística e aos espaços turísticos precisam de capital humano para seu desenvolvimento, por essa razão é importante considerar a formação do recurso humano.

A falta de planejamento e alguns excessos de atores privados leva a que os destinos turísticos possam ser vítimas de seu próprio êxito.

75% dos trabalhadores do sector turísticos não foram qualificados na formação formal em turismo - em qualquer nível-, o qual nos permite inferir que um grande caudal de trabalhadores se formaram por outras vias como a educação não formal ou a aquisição de habilidades na experiência laboral. As instituições educativas estão capacitando recursos humanos de maneira generalista e para postos de supervisão e de direção. E o nível operativo? Não tem formação? Ou se formam de maneira informal. Exemplo: no hotel a porcentagem do pessoal para o nível operativo está entre 72 e 75%; para o nível supervisão, entre 15 y 23%, e o nível diretivo entre 5 e 9%, embora haja diferenças dependendo da categoria do hotel e do pais.

É primordial que as instituições educativas coloquem ênfase no recurso humano, com a finalidade de que responda às necessidades do sector produtivo.

Gerar programas de adaptação em termos de inovação turística e de uso de tecnologias no desenvolvimento de novos produtos turísticos. Priorizar a educação superior, universitária e técnica requerida principalmente pelo aparelho produtivo. Gerar programas de retroalimentação organizados pelos formandos que apoiem a capacitação contínua, a atualização de conhecimentos e re-treinamento.

O turismo é um sector líder de pessoa a pessoa, com índices de crescimento que superam o crescimento econômico mundial e o comercio internacional. É uma das principais categorias de exportação no mundo, cuja repercussão nos trabalhadores é tão elevada que constitui como um aliado natural no programa para o futuro do emprego da OIT, centrado no ser humano.

Ao colocar as pessoas e o trabalho que realizam no centro da política econômica e social, além da prática empresarial, o caminho ao crescimento, a equidade e a sustentabilidade se articulam em torno a três eixos de atuação:

  • Acrescentar o investimento nas capacidades das pessoas.

  • Acrescentar o investimento nas instituições de trabalho.

  • Acrescentar o  investimento no emprego decente e sustentável.


Outro dos problemas é a brecha salarial entre homens e mulheres. No turismo as mulheres cobram de media 20-25% menos que os homens com qualificações semelhantes, as mulheres estão quase sempre sobre representadas com empregos atípicos e padecem também segregação em quanto ao aceso à educação e a formação.

As mulheres com baixa qualificação geralmente ocupam os postos de trabalho mais vulneráveis, arriscando que estejam expostas a condições de trabalho deficientes, à desigualdade de oportunidades e de trato, assim como a violência, exploração, estrese e assédio sexual.

O emprego temporário e de tempo parcial é especialmente frequente entre mulheres, jovens e pessoas pouco qualificadas que trabalham no turismo, o que frequentemente pode dar como resultado um déficit no trabalho decente, como a cobertura social inadequada, salários baixos e desigualdade em quanto aos ingressos, além das condições de trabalho precárias.

Precisam-se de novas políticas para aproveitar plenamente o potencial do sector turístico de criar mais e melhores postos de trabalho. Promover o avanço da inovação no turismo para criar emprego e encorajar o empreendimento.

Congregar as instituições educativas, ao sector privado, a governos e a sócios tecnológicos para revisar os programas educativos e contribuir a criar as qualificações necessárias para as oportunidades laborais do futuro, que incluam as habilidades sociais.

Reduzir ainda mais a brecha entre as qualificações disponíveis e as habilidades necessárias no trabalho, criando oportunidades para desenvolver uma experiência adequada no sector, por meio, por exemplo de práticas ou bolsas de estudo, junto com uma educação e formação especializadas.

Incorporar o turismo como um sector essencial tanto nas agendas nacionais como multilaterais de emprego, educação e criação de habilidades, assim como no desenvolvimento econômico em geral, salientando a capacidade do turismo de atingir os objetivos de criar mais e melhores postos de trabalho.

Ao celebrar o Dia Mundial do Turismo, reconhecemos a capacidade transformadora do turismo, porém é necessário fazer esta transformação de maneira integral e transversal no ser humano, apelar a um turismo onde haja equidade de gênero, equidade de oportunidades, equidade de condições, com o grande desafio de preservar os limitados recursos do planeta, os frágeis ecossistemas marinho e terrestres, desenvolvendo um Turismo Sustentável e inclusivo, temos uma oportunidade única, para que a comunidade turística mundial toda reflita, plante e aja sobre as bases de um futuro equitativo para todos.

Lembre-se: Contrate guias profissionais em seus destinos turísticos.




Autora:
Elizabeth Bocca
Técnico e Guia Superior de Turismo
Presidente Executivo de AGUIP.

Tradutoras:
Eliane Alves Brandao e Maria Marcela Echenique.